Capítulo 22
Treinamento
Cheguei a
colina, as palavras de Thomas ainda pesavam na minha mente, vi Mel, John e uma
garota que eu desconhecia indo em minha direção, Mel disse algo sobre me ajudar
a treinar e treinar a si mesma, e John
disse algo sobre começar pelo físico, a outra garota ficou calada, mas
eu não me aguentei, precisava perguntar aquilo.
– John, você
conhece um Thomas DeLonge?
John ficou
com uma ar sério, respirou fundo e olhou para o chão.
– Podemos
treinar primeiro? – perguntou ele com uma voz cansada, meio triste.
Acenei, e
ele se virou para a menina que eu não conhecia, devia ter a minha idade, era no
máximo um ano mais velha. Tinha os cabelos compridos e vermelhos, os olhos eram
rosados, num tom que nunca tinha visto antes, ela era muito bonita, vestia um
vestido simples e branco, de mangas longas e tecido fino.
– Flávia,
quero que conheça a Rafaela Winchester, uma amiga minha, que morava já aqui no
Japão, pedi que ela se mudasse para cá e ela atendeu ao pedido. A partir de
agora ela vai treiná-la com a ajuda da minha filha Mel. – disse John.
– Mas, não
era você que iria me treinar? –
perguntei confusa, mas me senti mal por ter ignorado a garota e voltei atrás
com a palavra – quero dizer, prazer em conhecê-la Rafaela-san, perdoe minha
falta de educação eu só...
– Tudo
bem! – disse Rafaela com um sorriso no rosto apertando minha mão.
Era quase
assustador, apesar de toda a expressão e o sorriso e mesmo as palavras gentis e
legais, Rafaela emanava um poder sobre-humano, era quase o mesmo poder que
sentia em John, um pouco menor apenas.
– Eu vou
ser mais para frente, quero dizer, eu não sou muito bom em controlar meu poder,
e não quero machuca-la, Rafaela é uma feiticeira assim como a Nina e a
Rosaline, e feiticeiros são conhecidos por serem ótimos treinadores por poderem
mexer com vários tipos de magia. Minha filha também quer ficar forte, então vai
treinar junto. E caso esteja se perguntando por que não escolhi nem a Rosaline,
nem a Nina para treina-la é porque a Rafa tem em especial habilidades psíquicas
que podem te ajudar a acordar o poder adormecido em você.
– Será um
prazer ajudar! – comentou Rafaela.
O
treinamento começou, pensei que iria ser fácil, mas a Rafaela era exigente,
logo no início fez o chão começar a tremer, eu e Mel não conseguíamos nos
manter de pé, mas Rafaela e John pareciam nem sentir o chão tremendo. Ela disse
que isso iria treinar meu equilíbrio e concentração o que era fundamental se eu
quisesse ser forte.
Já estava
ralada de tanto cair, Mel estava conseguindo se equilibrar um pouco já, mas eu
não demonstrava muito progresso. Pensei na concentração na qual ela falara, fixei
em apenas um ponto, ela avisou, o chão
começou a tremer e em menos de dois segundos eu já estava ao chão.
Deixamos
esse treinamento de lado e fomos desenvolver outras coisas, ela começou a criar
ilusões, fazendo minha mente se forçar a raciocinar mais rápido, não que eu
tenha tido algum progresso.
A tarde já
ia embora, e eu estava morta de cansaço, Rafaela foi a primeira a ir embora,
John e Mel ficaram esperando minha irmã que prometera vir me buscar. Não muito
tempo depois surgiu no horizonte quatro sombras, lá estava minha irmã, com
Hayato, Carolina e Yumi, eles traziam milk shakes na mãe e minha irmã trazia um
extra para mim.
Me despedi
e segui com eles, o caminho foi tranquilo sem nada demais, mesmo que eu não
quisesse reparava demais no Hayato, mas ele só tinha olhos para minha irmã e
ela só tinha olhos para ele, eles formavam um casal realmente fofo.
– Mas a
Yumi que está bem na fita – disse Hayato rindo quando está vamos chegando perto
do meu bairro.
– Por
que? – perguntamos juntos.
–
Hayato! – Yumi parecia brava, mas antes que ela pudesse falar qualquer coisa,
Hayato prosseguiu.
– O
nosso professor está dando mole para a senhorita “melhor aluna da sala” aqui –
disse rindo.
– Não é
nada disso! – Yumi se defendeu – ele apenas aprecia alguém que tira boas notas
e não fica badernando na sala igual a você Hayato!
Eu comecei
a rir, mas senti algo batendo no meu ombro, meu coração acelerou, eu fiquei
pálida, tinha medo de quem pudesse ser, e logo todos perceberam que eu estava
tensa, me virei apressada e vi um garoto. Nada de monstro, nada de criatura
maligna, nem um garoto mal querendo me sequestrar, ele tinha o rosto com uma
expressão neutra, trazia na mão uma caixa que parecia pesada, seus cabelos eram
escuros e seus olhos pretos.
– Ah,
desculpe – ele me disse – pode me dar licença?
Eu estava
próxima a uma parede, e a passagem mais prática para ele seria se eu saísse da
frente, mas eu ainda estava um pouco em choque, imóvel, sequer falei com ele, o
garoto me olhou de um modo estranho, eu ainda devia estar pálida, ergueu as
sobrancelhas e me contornou, dizendo bem baixo.
– Menina
estranha...
Mal
percebi e já estava em casa, pelo visto o garoto estava de mudança para a casa
em frente a minha, ótimo! Agora meu vizinho me acha estranha e nem fomos
apresentados ainda. A banda ensaiou um pouco, mas quando anoiteceu cada um foi
para sua casa e minha irmã disse que faria uma torta para dar as boas vindas
aos novos vizinhos. Se bem que pra mim isso só acontecia nos filmes.
– Amanhã
vou entrega-la, hoje já está tarde, quer vir comigo? Eu espero você voltar do
treino.
Treino...
na hora eu me lembrei do Thomas e...
– Ah!
Droga! Esqueci de perguntar sobre o Thomas para o John! Mas bem, ah! – disse
tentando manter o foco na pergunta da minha irmã – sim claro, eu vou.
Tomei um
banho rápido e fui me deitar, estava morrendo de cansaço, olhei para o pingente
que eu estava usando, ele não andava funcionando bem, e eu já estava pensando
em chamar aquela ninfa para me ajudar a recuperar as memórias, mas será que eu
realmente queria elas de volta? A resposta sempre era sim! Mas mesmo assim
resolvi deixar quieto por aquela noite, e fui me deitar sem ter nenhum
pesadelo, ou mesmo algum sonho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário