Capitulo 17
Salva por um estranho
Eu estava
novamente perdida nos meus pensamentos, estava achando isso comum demais pro
meu gosto. E o pior de tudo é que eu estava começando a me acostumar com esse
tipo de notícia, era tão engraçado como minha vida tinha mudado tão
drasticamente de um tempo pra cá, eu estava me sentindo triste, percebi que
gostava da minha antiga e chata vida, só saber que o mundo místico existia já
bastava pra mim!
Resolvi não ir
para casa, parei na porta me despedindo da Nina, que falava coisas legais e
encorajadoras que acabei sem ouvir de verdade, e ao ver que ela sumiu no
horizonte, fui na direção oposta. Eu realmente não sabia onde estava indo, mas
quem se importava? Eu também não sabia que rumo minha vida estava tomando!
Olhava incansavelmente para o chão,
desejando que ele me absorvesse antes que eu enlouquecesse com tanta
informação, nem via onde estava indo, vez ou outra eu esbarrava com pessoas que
eu não conhecia, algumas reclamavam, algumas me davam tapas leves, algumas se
desculpavam, outras pediam para eu me desculpar, mas eu simplesmente continuava
andando.
Sem que eu
realmente me tocasse ou me importasse, os esbarrões pararam, vez ou outra eu
ouvia o barulho de carros ao meu lado, mas era raro, o problema foi que quando
olhei para frente estava numa das ruas mais desertas de toda a cidade, não que
fosse tão perigosa, eu já passara várias vezes por lá, mas haviam dois garotos
a minha frente.
Não gostei
deles, tinham jeito de mal encarados, um era alto, magro, tinha os rebeldes
cabelos loiros embaixo de uma touca, o outro era baixo, magro e tinha longos
cabelos soltos e escuros, meio acinzentados. O mais baixo sorriu, de um jeito
nem um pouco simpático me pegou com força pelo ombro.
– Olá
princesa, andar sozinha é perigoso sabia? Podem aparecer pessoas indesejáveis!
– foi o que disse o mais baixo.
“Como você!”
foi o que pensei, mas estava assustada demais para falar, o mais alto enfim me
olhou nos olhos, tinha um sorriso quase doentio em seu olhar, ao tocar minha
testa ele olhou para o mais baixo:
– Darvin, quanto você acha que nos dariam
pelo centro do mundo?
O mais
baixo, o tal de Darvin, sorriu, com uma ganância sem igual em seus olhos.
– Mais
dinheiro e poder que você possa contar! Todos a querem, e ela até que é
bonitinha... – comentou ele acariciando meu rosto.
Eu tentava
me soltar, mas os dois estavam presos a mim, eu estava com muito medo, sem que
pudesse perceber estava chorando. Ótimo! Eu era uma revoltada com a vida, que
ficava chorando por aí, não era possível! Que ódio eu estava sentindo de mim
mesma, eu era tão fraca! Não podia fazer nada, só ficava vendo aqueles caras me
arrastarem até uma vã.
Ouvi barulho
estranho, logo depois veio o vento, um vento de cortar a pele que me obrigou a
fechar os olhos. Tá, agora era definitivo, eu estava com muito, muito medo!
Senti algo
quente me envolver, um motor foi ligado, o vento cessou, alguém me segurava em
seus braços, estávamos correndo, mais rápido do que podia me lembrar já ter
corrido. Arrisquei então abrir os olhos, quando fiz isso o homem que me
segurava já havia alcançado a vã dos garotos que tentaram me sequestrar, eles
pediam desculpas, e se curvavam, mas o homem apenas encostou em seus pescoços,
ouvi um estalo e eles caíram.
Olhei espantava para o homem, que mais
parecia um garoto de 23 anos, tinha o corpo magro, não era musculoso e tinha os
músculos pouco definidos, mas era de longe o garoto mais lindo que eu já vira na
vida, tinha os cabelos curtos meio rebeldes e mal repartidos de um loiro
desbotado, seus olhos eram intensos, perigosos, lindos, vermelhos! Suas roupas eram comuns, um jeans uma
camiseta branca e simples, ao ver minha expressão ele sorriu, o que, eu tenho
certeza me fez corar e só então percebi que estava em seus braços ainda.
– Não estão
mortos, apenas desmaiados. Não deveria ficar andando sozinha... – disse me
pondo no chão. Sua voz era divertida, descontraída e bondosa, mas emitia um
poder que não deixava dúvidas: Eu estava ao lado de alguém que não desejaria
como inimigo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário