18 de out. de 2012

História sem nome-san Capítulo 16


Capitulo 16

Profecia

    Ele saiu antes de mim, andava tranquilo, mas com um monte de gente entrando na nossa frente, foi difícil alcança-lo. Corri atrás dele e coloquei a mão em seu ombro:
     – Espera! Tom espera!
     Ele virou me encarando, uma das sobrancelhas erguidas, corei ao perceber que era a primeira vez que o chamava de Tom e não de Thomas. Mas me mantive focada, peguei no braço dele, na altura do cotovelo para garantir que ele não fugisse no meio da conversa e olhei em seus olhos, o que eu tinha dificuldade para fazer.
     – Desculpa, eu não quis dizer aquilo, não quis te deixar bravo, eu... eu não sei! Nos conhecemos a pouco tempo, mas eu não acho que você seja alguém mal, nunca achei, só que você me assusta e todos dizem que você é um inimigo e eu... eu... eu não sei! Descobri recentemente um monte de coisa e comecei a tentar me lembrar do meu passado. Tudo isso é muito confuso, tudo isso me assusta. Eu nem sei porque estou dizendo isso, mas, eu gostei de você, você é legal e não quero brigar... – eu falava rápido, quase sem pausas e muito embolado, queria esconder tudo de todo mundo, mas de certa forma ele parecia saber mais do que eu.
     Ele suspirou, levou a mão a minha cabeça e acariciou de leve, havia algo semelhante a um sorriso em seu rosto, ele olhou para mim, seus olhos de azul profundo e escuro me fitavam com seriedade.
      – Talvez eu não possa cuidar da minha alma, ou sequer de mim mesmo, mas juro cuidar de você, enquanto este corpo não apodrecer. Não fique assim, sei que vai superar tudo isso! E... – ele foi interrompido por um acesso de tosse, caiu de joelhos no chão, parecia uma assustadora reprise do dia que o conhecera, quando ele teve esse acesso de tosse na porta da minha casa.
      Abaixei-me servindo de apoio e ele se escorou em mim, senti que estava fraco, olhei ao lado pedindo ajuda, mas os alunos eram rápidos, todos já estavam no refeitório enquanto estávamos perto das salas de aula, não havia nenhum professor, nenhum ajudante, ninguém.
      Tentei ergue-lo sobre meus ombros, ele era pesado, mas com um pouco de esforço consegui carrega-lo até a enfermaria que não ficava muito longe da nossa sala de aula. Deitei-o na cama, ele estava vermelho, parecia febril, vez em quando ele vomitava sangue e isso me preocupava muito.
      – E-eu estou bem – disse com dificuldade Thomas, enquanto eu procurava algo para lhe dar, já que as enfermeiras não ficavam lá no intervalo.
      – Não! Você não está, porque fica tentando fingir que está tudo bem... ai meu pai... você está com febre. Espero que isso ajude.
       Mas quando me virei, ele não estava mais lá. Eu não entendia isso, mas havia apenas uma pequena poça de sangue no chão, nada mais. Sai da enfermaria para procura-lo, mas ele não estava lá, tinha simplesmente... desaparecido.
       Encontrei com a Nina, a Okami e a Mel. As três vinham a passos largos na minha direção e pareciam preocupadas, a primeira a me alcançar foi a Nina-chan que me segurou pelos ombros e me chacoalhou de leve.
        – Onde esteve menina? Estávamos preocupadas! – disse ela me abraçando de lado e me guiando até o refeitório.
        – Eu? Fui cuidar do Thomas, ele estava passando mal, mas... ele sumiu.
        Mel ergueu as sobrancelhas, eu expliquei melhor, mas mesmo assim uma interrogação ficou sobre nós quatro. Okami me pegou pela mão me dizendo para esquecer aquilo e me puxou para o encontro de Cátia e Daniela, que pareciam bem tensas.
         – Não é querendo te deixar louca – disse Okami para mim – mas eu acho que você deveria saber. Conte a ela – disse Okami gentilmente para Cátia.
        – Bem – disse Cátia respirando fundo – Nina estava preocupada contigo, e para tentar ajudar em algo me pediu para ver o futuro da sua casa... Bom, - ela fechou os olhos e eu senti que estava revivendo a visão. Então começou a conta-la assim como a viu – Havia uma poça de sangue no tapete de entrada, encontrei você e a Mel-san a um canto da cozinha quando adentrei mais, vocês estavam em posições defensivas e alguém chorava, haviam pelo menos umas sete pessoas na casa, eu ouvia paços no piso de cima e gritos, era tudo muito embaçado, então eu não sei bem como, o teto desmoronou. E não vi mais nada...
       Ela abriu os olhos e colocou a mão sobre meus ombros, dando um sorriso constrangido e encorajador.
        – Desculpe não poder ver nada além disso, vai acontecer dia 23 de Março.
      – O-o-que? Mês que vem já? – minha cabeça, meu estômago tudo estava revirando. Logo agora que eu estava começando a tentar me acostumar com tudo me vem uma dessas!
      As meninas tentaram fazer eu me sentir melhor, mas não funcionou muito. Apesar de tudo, reparei que a Mel estava bem tranquila, fiquei curiosa:
       – O que pensa sobre isso senpai? – perguntei a ela.
       Ela deu de ombros pondo mas mãos entrelaçadas atrás da cabeça.
       – Não sei, não posso dizer o que vai acontecer, mas sei que vou estar lá com você, então acho que é isso que realmente importa, né? – disse sorrindo.
       Como eu a admirava, sempre forte, mesmo nos piores momentos!    

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