Capitulo 16
Profecia
Ele saiu antes
de mim, andava tranquilo, mas com um monte de gente entrando na nossa frente,
foi difícil alcança-lo. Corri atrás dele e coloquei a mão em seu ombro:
– Espera! Tom
espera!
Ele virou me
encarando, uma das sobrancelhas erguidas, corei ao perceber que era a primeira
vez que o chamava de Tom e não de Thomas. Mas me mantive focada, peguei no
braço dele, na altura do cotovelo para garantir que ele não fugisse no meio da
conversa e olhei em seus olhos, o que eu tinha dificuldade para fazer.
– Desculpa, eu
não quis dizer aquilo, não quis te deixar bravo, eu... eu não sei! Nos
conhecemos a pouco tempo, mas eu não acho que você seja alguém mal, nunca
achei, só que você me assusta e todos dizem que você é um inimigo e eu... eu...
eu não sei! Descobri recentemente um monte de coisa e comecei a tentar me
lembrar do meu passado. Tudo isso é muito confuso, tudo isso me assusta. Eu nem
sei porque estou dizendo isso, mas, eu gostei de você, você é legal e não quero
brigar... – eu falava rápido, quase sem pausas e muito embolado, queria
esconder tudo de todo mundo, mas de certa forma ele parecia saber mais do que
eu.
Ele suspirou,
levou a mão a minha cabeça e acariciou de leve, havia algo semelhante a um
sorriso em seu rosto, ele olhou para mim, seus olhos de azul profundo e escuro
me fitavam com seriedade.
– Talvez eu
não possa cuidar da minha alma, ou sequer de mim mesmo, mas juro cuidar de
você, enquanto este corpo não apodrecer. Não fique assim, sei que vai superar
tudo isso! E... – ele foi interrompido por um acesso de tosse, caiu de joelhos
no chão, parecia uma assustadora reprise do dia que o conhecera, quando ele
teve esse acesso de tosse na porta da minha casa.
Abaixei-me
servindo de apoio e ele se escorou em mim, senti que estava fraco, olhei ao
lado pedindo ajuda, mas os alunos eram rápidos, todos já estavam no refeitório
enquanto estávamos perto das salas de aula, não havia nenhum professor, nenhum
ajudante, ninguém.
Tentei
ergue-lo sobre meus ombros, ele era pesado, mas com um pouco de esforço
consegui carrega-lo até a enfermaria que não ficava muito longe da nossa sala
de aula. Deitei-o na cama, ele estava vermelho, parecia febril, vez em quando
ele vomitava sangue e isso me preocupava muito.
– E-eu estou
bem – disse com dificuldade Thomas, enquanto eu procurava algo para lhe dar, já
que as enfermeiras não ficavam lá no intervalo.
– Não! Você
não está, porque fica tentando fingir que está tudo bem... ai meu pai... você
está com febre. Espero que isso ajude.
Mas quando
me virei, ele não estava mais lá. Eu não entendia isso, mas havia apenas uma
pequena poça de sangue no chão, nada mais. Sai da enfermaria para procura-lo,
mas ele não estava lá, tinha simplesmente... desaparecido.
Encontrei
com a Nina, a Okami e a Mel. As três vinham a passos largos na minha direção e
pareciam preocupadas, a primeira a me alcançar foi a Nina-chan que me segurou
pelos ombros e me chacoalhou de leve.
– Onde
esteve menina? Estávamos preocupadas! – disse ela me abraçando de lado e me
guiando até o refeitório.
– Eu? Fui
cuidar do Thomas, ele estava passando mal, mas... ele sumiu.
Mel ergueu
as sobrancelhas, eu expliquei melhor, mas mesmo assim uma interrogação ficou
sobre nós quatro. Okami me pegou pela mão me dizendo para esquecer aquilo e me
puxou para o encontro de Cátia e Daniela, que pareciam bem tensas.
– Não é
querendo te deixar louca – disse Okami para mim – mas eu acho que você deveria
saber. Conte a ela – disse Okami gentilmente para Cátia.
– Bem –
disse Cátia respirando fundo – Nina estava preocupada contigo, e para tentar
ajudar em algo me pediu para ver o futuro da sua casa... Bom, - ela fechou os
olhos e eu senti que estava revivendo a visão. Então começou a conta-la assim
como a viu – Havia uma poça de sangue no tapete de entrada, encontrei você e a
Mel-san a um canto da cozinha quando adentrei mais, vocês estavam em posições
defensivas e alguém chorava, haviam pelo menos umas sete pessoas na casa, eu
ouvia paços no piso de cima e gritos, era tudo muito embaçado, então eu não sei
bem como, o teto desmoronou. E não vi mais nada...
Ela abriu os
olhos e colocou a mão sobre meus ombros, dando um sorriso constrangido e
encorajador.
– Desculpe
não poder ver nada além disso, vai acontecer dia 23 de Março.
– O-o-que?
Mês que vem já? – minha cabeça, meu estômago tudo estava revirando. Logo agora
que eu estava começando a tentar me acostumar com tudo me vem uma dessas!
As meninas
tentaram fazer eu me sentir melhor, mas não funcionou muito. Apesar de tudo,
reparei que a Mel estava bem tranquila, fiquei curiosa:
– O que
pensa sobre isso senpai? – perguntei a ela.
Ela deu de
ombros pondo mas mãos entrelaçadas atrás da cabeça.
– Não sei, não
posso dizer o que vai acontecer, mas sei que vou estar lá com você, então acho
que é isso que realmente importa, né? – disse sorrindo.
Como eu a
admirava, sempre forte, mesmo nos piores momentos!
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