Capitulo 15
Bilhetes na aula de história
Acordei com uma
sensação estranha na minha barriga, automaticamente retirei do pescoço o
pingente e o joguei na minha mesa-de-cabeceira, ainda refletia sobre o sonho.
Não havia descoberto nada de novo, apenas revisto de novo a cena em que tudo
começou. Dali para trás não havia nada, um vazio, um buraco não preenchido.
Tentei não pensar nisso e fui até a cozinha.
Como de
costume minha irmã já havia saído para trabalhar, levantava 04h30min, se
arrumava com pressa e saía pouco antes de eu descer, enchi uma tigela com
cereal e leite, quase não mastiguei, apenas engoli, era um mau costume esse,
que eu não conseguia perder. Já uniformizada, escovei os dentes e arrumei meu
cabelo, joguei todo meu material na bolsa e fiquei na porta de casa, esperando
Nina vir para me acompanhar.
Pouco tempo
depois ela apareceu, e assim fomos conversando para a escola, ela me perguntou
se eu estava bem. Meu impulso foi contar a ela tudo, e dizer que nada podia
estar bem, mas me contive e disse que estava morrendo de sono, ela não se
contentou com a resposta, mas acenou, calada.
Na entrada
ela foi ter com a Daniela e a Cátia, eu as cumprimentei e fui a um canto, onde
isolada estava a Mel, escrevendo em seu caderno histórias que um dia pretendia
publicar. Ela novamente me perguntou o mesmo, se eu estava bem, disse a mesma
coisa que afirmei a Nina, mas ao contrário dela que apenas se calou, Mel ficou
me encarando.
– Por que
insiste em guardar tudo pra si?
Pensei na
questão que ela me fez, suspirei e resolvi responder com sinceridade:
– Porque
parece que de um dia para o outro eu me tornei o centro do mundo. E não quero
jogar esse peso nas costas de vocês.
–
Tecnicamente, você é o centro do
mundo. – disse um garoto me abraçando pelas costas.
– Tho-Thomas!
– gaguejei constrangida.
– O que? –
perguntou ele indiferente, e olhando para Mel estendeu a mão por cima do meu
ombro, apoiando a cabeça nele – Thomas DeLonge.
– Mel
Houkiboshi – disse Mel com um leve sorriso.
Ficamos os três
conversando até o sinal bater, Thomas estava sendo bem legal e gentil, era
difícil imaginar aquele monstro que me perseguiu pela floresta nele, só de
lembrar daquilo tinha arrepios.
– Flávia-chan!
– chamou Hime antes que eu entrasse na sala – Sabe que não é seguro confiar
nesse aí, ainda mais ficar conversando com ele? Cuidado menina!
– Hey! Ficar
andando com um vampiro que é perigoso – afirmou Thomas, quase ofendido – E vem
cá, você não tem nada haver com nossa vida, diga pra Michelle te dispensar,
porque a Flá já tem quem cuide dela! – disse ele me abraçando, de lado e
lançando um olhar ameaçador para Hime.
Hime quase
riu, lançou um sorriso de deboche para Thomas, puxando-me pelo pulso para perto
dela. E afastando Thomas com a mão.
– Fique
longe dela ok? Você não pode cuidar nem da sua alma, acha mesmo que vai poder
cuidar dela? Eu não confio em você – e agora se dirigindo a mim Hime completou
– e você também não deveria.
– Com
licença, senhores, poderiam fazer a gentileza de parar de conversar na porta
vão ter tempo para isso no intervalo, ou esperam que eu espere vocês terminarem
o assunto? – disse a professora com um forte sarcasmo na voz.
Eu a olhei,
envergonhada, Thomas parecia prestes a socar Hime e nem estava ligando para a
professora, depois que ela dissera sobre sua alma, ele pareceu ter ficado
abalado, Hime assentiu de leve com a cabeça fez um reverencia e foi para sua
sala.
– Senhorita
Leto, senhor DeLonge poderiam fazer a gentileza de entrarem?
Entrei
acompanhada por Thomas. Fazia algumas semanas que havíamos nos conhecido, e
mesmo com todo aquele lance de ameaça e de perseguição, não conseguia imaginar
ele como uma pessoa má, talvez apenas uma pessoa perdida.
Como Okami
havia faltado, eu passei a aula ao lado do Thomas, mas apesar disso ele estava
muito quieto, e eu, como uma boa curiosa fria, não aguentei. O professor de
história era rigoroso e não gostava de barulho, então rabisquei em um papel.
Tudo bem? Você parece abalado
Passei o papel para ele e logo ele
me passou de volta.
Nada, é impressão sua...
Não, não é! Por que ela disse que você
não cuida nem da sua alma? O que a Hime-san quis dizer com isso? Você ficou
abalado depois que ela disse isso. Me conta! Se você ficar me escondendo as
coisas não vou saber se posso confiar em você, assim é mais fácil pensar que a
Hime-san tem razão.
Me arrependi de ter escrito aquilo,
mas era tarde, já havia passado o papel para ele e fiquei pensando se havia ido
longe demais. Minha resposta veio logo, Thomas se levantou amassando um papel e
o jogou com força no lixo, depois sentou-se sem me encarar. E ficou assim até o
intervalo.
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