18 de out. de 2012

História sem nome-san Capítulo 15


Capitulo 15

Bilhetes na aula de história

    Acordei com uma sensação estranha na minha barriga, automaticamente retirei do pescoço o pingente e o joguei na minha mesa-de-cabeceira, ainda refletia sobre o sonho. Não havia descoberto nada de novo, apenas revisto de novo a cena em que tudo começou. Dali para trás não havia nada, um vazio, um buraco não preenchido. Tentei não pensar nisso e fui até a cozinha.
     Como de costume minha irmã já havia saído para trabalhar, levantava 04h30min, se arrumava com pressa e saía pouco antes de eu descer, enchi uma tigela com cereal e leite, quase não mastiguei, apenas engoli, era um mau costume esse, que eu não conseguia perder. Já uniformizada, escovei os dentes e arrumei meu cabelo, joguei todo meu material na bolsa e fiquei na porta de casa, esperando Nina vir para me acompanhar.
      Pouco tempo depois ela apareceu, e assim fomos conversando para a escola, ela me perguntou se eu estava bem. Meu impulso foi contar a ela tudo, e dizer que nada podia estar bem, mas me contive e disse que estava morrendo de sono, ela não se contentou com a resposta, mas acenou, calada.
      Na entrada ela foi ter com a Daniela e a Cátia, eu as cumprimentei e fui a um canto, onde isolada estava a Mel, escrevendo em seu caderno histórias que um dia pretendia publicar. Ela novamente me perguntou o mesmo, se eu estava bem, disse a mesma coisa que afirmei a Nina, mas ao contrário dela que apenas se calou, Mel ficou me encarando.
      – Por que insiste em guardar tudo pra si?
      Pensei na questão que ela me fez, suspirei e resolvi responder com sinceridade:
      – Porque parece que de um dia para o outro eu me tornei o centro do mundo. E não quero jogar esse peso nas costas de vocês.
      – Tecnicamente, você é o centro do mundo. – disse um garoto me abraçando pelas costas.
      – Tho-Thomas! – gaguejei constrangida.
      – O que? – perguntou ele indiferente, e olhando para Mel estendeu a mão por cima do meu ombro, apoiando a cabeça nele – Thomas DeLonge.
      – Mel Houkiboshi – disse Mel com um leve sorriso.
    Ficamos os três conversando até o sinal bater, Thomas estava sendo bem legal e gentil, era difícil imaginar aquele monstro que me perseguiu pela floresta nele, só de lembrar daquilo tinha arrepios.
    – Flávia-chan! – chamou Hime antes que eu entrasse na sala – Sabe que não é seguro confiar nesse aí, ainda mais ficar conversando com ele? Cuidado menina!
     – Hey! Ficar andando com um vampiro que é perigoso – afirmou Thomas, quase ofendido – E vem cá, você não tem nada haver com nossa vida, diga pra Michelle te dispensar, porque a Flá já tem quem cuide dela! – disse ele me abraçando, de lado e lançando um olhar ameaçador para Hime.
      Hime quase riu, lançou um sorriso de deboche para Thomas, puxando-me pelo pulso para perto dela. E afastando Thomas com a mão.
       – Fique longe dela ok? Você não pode cuidar nem da sua alma, acha mesmo que vai poder cuidar dela? Eu não confio em você – e agora se dirigindo a mim Hime completou – e você também não deveria.
      – Com licença, senhores, poderiam fazer a gentileza de parar de conversar na porta vão ter tempo para isso no intervalo, ou esperam que eu espere vocês terminarem o assunto? – disse a professora com um forte sarcasmo na voz.
      Eu a olhei, envergonhada, Thomas parecia prestes a socar Hime e nem estava ligando para a professora, depois que ela dissera sobre sua alma, ele pareceu ter ficado abalado, Hime assentiu de leve com a cabeça fez um reverencia e foi para sua sala.
      – Senhorita Leto, senhor DeLonge poderiam fazer a gentileza de entrarem?
      Entrei acompanhada por Thomas. Fazia algumas semanas que havíamos nos conhecido, e mesmo com todo aquele lance de ameaça e de perseguição, não conseguia imaginar ele como uma pessoa má, talvez apenas uma pessoa perdida.
      Como Okami havia faltado, eu passei a aula ao lado do Thomas, mas apesar disso ele estava muito quieto, e eu, como uma boa curiosa fria, não aguentei. O professor de história era rigoroso e não gostava de barulho, então rabisquei em um papel.
       Tudo bem? Você parece abalado
       Passei o papel para ele e logo ele me passou de volta.
       Nada, é impressão sua...
      Não, não é! Por que ela disse que você não cuida nem da sua alma? O que a Hime-san quis dizer com isso? Você ficou abalado depois que ela disse isso. Me conta! Se você ficar me escondendo as coisas não vou saber se posso confiar em você, assim é mais fácil pensar que a Hime-san tem razão.
      Me arrependi de ter escrito aquilo, mas era tarde, já havia passado o papel para ele e fiquei pensando se havia ido longe demais. Minha resposta veio logo, Thomas se levantou amassando um papel e o jogou com força no lixo, depois sentou-se sem me encarar. E ficou assim até o intervalo.


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