18 de out. de 2012

História sem nome-san Capítulo 13


Capitulo 13

Uma ninfa e uma teoria

     Assim eu fui para casa e me joguei na cama, Jéssica nada perguntou, eu tinha certeza que Carolina e Yumi já haviam contado tudo para ela, bem, pelo menos haviam me poupado desse trabalho, adormeci sem muito esforço, e só fui acordar no dia seguinte, com meu celular tocando.
     Na telinha se lia ‘escola :/’, era 5:00 horas da manhã, eu simplesmente o ignorei e voltei a dormir. Faltar pra mim parecia o mais sensato a fazer no momento, não queria enfrentar a preocupação das minhas amigas, nem ter que ficar preocupada com o Thomas, ou se a Hime está ou não me vigiando, parando para pensar nisso, vi que meus dias estavam se tornando cada vez mais cansativos.
     Levantei realmente ás 10:36 da manhã, na cozinha havia um pequeno bilhete no qual eu reconheci a letra da minha irmã, era curto, mas revigorante:  Eu nada sei sobre o que sente, mas eu tenho certeza que irá passar por tudo isso, e que jamais estará sozinha enquanto eu viver. Ela provavelmente queria me dizer isso, mas teve de sair para trabalhar, era incrível como minha irmã se esforçava, cuidava da banda, de mim, dos estudos e ainda tinha que trabalhar, nossos pais nos mandavam algum dinheiro, mas eles estavam longes de ser ricos, o dinheiro que mandavam dava apenas para comida, enquanto o resto era bancado pelo serviço de meio período da minha irmã.
      Eu queria trabalhar também, me sentia inútil, sempre me senti um peso nas costas da minha irmã e dos meus pais, porque eu era! Além de preocupa-los sempre por causa do meu suposto cisto que podia explodir a qualquer instante, ainda via eles me bancando, ás vezes pensava se não seria melhor que eu tivesse me perdido naquela estação de trem, e não ficado parada bem naquele lugar, mas bem, isso já é outra história.
      Tomei café, me arrumei e fui dar uma volta, estava precisando muito esfriar a cabeça, o estresse estava me consumindo por dentro.  Antes de sair coloquei no pulso uma pequena coleira de contas azuis claras, com um pequeno pentagrama dourado no centro, havia ganhado de aniversário da Nina no ano anterior, e de acordo com ela, ele trazia proteção, o que eu realmente senti que precisava.
       O dia estava claro e o sol forte, havia muita pessoas nas ruas, alguma corriam com o estresse do dia-a-dia, algumas andavam tranquilamente, outras eram crianças que corriam de um lado para o outro, o céu claro e sem nuvens, com as poucas árvores da rua, e o movimento, faziam parecer o mundo tão em paz, tudo parecia tão comum. Enquanto para mim era quase impossível imaginar que o mundo pudesse ser o mesmo depois de ontem, é como se ontem, mais do que nenhum dia, tudo tivesse desmoronado aos meus pés.
     Num ritmo moderado, cheguei ao centro da cidade, que estava bem movimentado, lá me perdi em meus pensamentos, sem ligar mais para nada, alguns diriam triste, eu diria apenas... cansada.
       – Ai!
     Foi o que disse ao cair no chão, ainda sem entender direito, olhei a minha frente e vi uma garota, parecia ter mais ou menos minha idade, tinha longos cabelos castanho-avermelhados, tinha as mãos no rosto por isso não vi seus olhos, ao chão haviam diversos livros espalhados, com os mais diversos títulos, deles eu apenas reconheci algo de Shakespeare que eu nem sequer lembro mais o nome, quando voltei a olhar para a menina ela sorria para mim, de um modo desconcertado, mas gentil, levantou-se me ajudando a fazê-lo, e eu pude ver que ela usava uma saia xadrez e uma blusa lisa verde escura, por cima um colete preto.
     – Eto... – disse a menina coçando a cabeça – me desculpe Flávia-chan, eu sou uma desastrada! Olhem todos esses livros! Juro que o Eduardo me mata se acontecer qualquer coisa com algum dos livros dele! – e assim ela se abaixou para pegar os livros.
     – Deixe que eu te ajudo - me ofereci, - Como sabe meu nome? – soei um pouco assustada, o que estava, mas minha voz estava firme, pelo menos era isso que eu achava.
     – Hum? Eto... Flávia-chan é conhecida por todo o mundo místico e o Eduardo e eu estamos de olho em você a tempos, não era para eu te contar isso, mas temos uma teoria. Uma teoria que te envolve!
     Era só o que me faltava! Outra pessoa envolvida com o mundo místico, e adivinha? Eu também estava envolvida em algo nisso.
     – Que teoria? – perguntei hesitante, e percebo que estava andando ao lado da menina que me guiava para uma sorveteria.
     – Hum... – a garota pareceu pensar muito se devia ou não me contar – Um milk shake de morango e ... que sabor gosta?
      – C-c-chocolate – gaguejei um pouco aturdida pela súbita mudança de assunto.
      – E um de chocolate! – completou a menina para o rapaz que nos atendia.
      Ela se sentou em uma mesa no fundo da sorveteria, colocando os pesados livros no chão.
      – Bem, antes de mais nada, sou uma ninfa e bem, ninfas não possuem um nome, mas como o Eduardo realmente se incomodava em não poder me chamar por um nome próprio eu recebi o apelido de Plafrese, pode me chamar assim. – disse a menina sorridente.
      – Prazer em conhece-la Plafrese-san – disse ainda um pouco confusa – mas que história é essa de teoria?
      – É assim, há muitos anos atrás sempre houveram guerras, mundo místico contra mundo humano, isso fez com que os humanos quisessem evoluir. Nisso começaram as experiências, a ciência, as descobertas, os recursos, e também surgiu a crença, e eles acabaram ao longo dos anos se esquecendo e ignorando nossa existência. Mas nesse período as criaturas mágicas também buscaram a evolução e as descobertas, mas foram longe demais quando descobriram o centro do mundo – quando Plafrese mencionou o centro do mundo, automaticamente toquei minha testa e meu estomago apertou, foi quando chegaram os milk shakes. – Oh! Obrigada, aqui está! – disse Plafrese para o assistente lhe pagando os dois antes que eu pudesse pagar o meu e se dirigindo a mim, continuou: - Não precisa, eu pago! Voltando... onde eu estava?
      – Quando eles descobriram o centro do mundo – disse ainda um pouco confusa.
      – Ah! Sim, então. Com elementais de pedra e fogo eles escavaram até o centro da terra e o tiraram de lá, não digo a você que elas não existiam, mas antes deles fazerem isso, os desastres naturais eram bem menores e menos frequentes.
       “ Vendo que estavam mexendo com o que não deviam, eles selaram o centro com magias de todos os tipos. Mas alguém, alguém que temos quase certeza que é seu criador, a cerca de trinta anos atrás, de algum modo conseguiu quebrar todos esses selamentos milenares e depois de te criar colocou o centro dentro de você, na intenção de esconder sua presença o que não durou muito tempo, mas realmente funcionou por um tempo.”
      – Mas, se todos sabem que eu estou com o centro, porque não racham minha cabeça e o tiram de lá? – perguntei me sentindo extremamente confusa e enjoada.
       Ela sorriu, como se esperasse que eu perguntasse aquilo, acariciou de leve meu braço e instantaneamente eu me senti melhor, mais leve. Sabia que ela tinha feito algum tipo de magia para me acalmar, mas mesmo assim, começou a se instalar uma paz dentro de mim, simplesmente inexplicável.
       – Eu sei que deve ser difícil, mas bem, recentemente descobrimos que ele não tinha posto o centro apenas para escondê-lo, mas junto com o centro ele implantou um selo em você, no qual qualquer dano que você sofra, o centro sofrerá, isso pode resultar na destruição mundial! A questão que paira, não é somente quem está por trás disso, e sim, porque, além do domínio aos humanos sabemos que essa alguém queira algo mais. E você é nossa chave, se puder se lembrar quem te criou ou porque fez isso, pode salvar o mundo. Sabemos que você esqueceu tudo antes dos dez anos, mas estamos aqui para te ajudar a recuperar a memória.
      Foi tudo o que ela disse, sabia que estava esperando eu processar tudo aquilo, ainda estava tão devagar minha mente, mas antes que eu pudesse processar qualquer coisa, senti uma mão no meu ombro. E de repente toda a confusão sumiu, pude sentir quando meus lábios se abriram num imenso sorriso.
     – Hiro-san!
     Um garoto alto de cabelos rebeldes e loiros sempre escondidos por seu boné, com olhos azuis penetrantes, uma camiseta preta, um jeans e um tênis estava atrás de mim, seu sorriso era torto, meio debochado e ele tinha um jeito de bad boy, talvez me sentisse intimidade se ele não fosse um grande amigo. Pulei em seus braços lhe dando um forte abraço:
     – Ela disse que viria – sorri para ele.
     – Ela? - ´perguntou Hiro confuso olhando para Plafrese, pensando que era a ela que me referia.
     – Depois eu explico  - disse. – Bem... Plafrese-san foi realmente um prazer conhece-la, mas... eu poderia ir agora? – não queria ser rude, Plafrese era realmente muito gentil, mas me senti um pouco desconfortável depois de tudo que ela havia falado.
     Longe de ficar brava, Plafrese sorriu e me entregou um pingente transparente em forma de diamante, tipo aqueles que ficam em cima dos nossos personagens do The Sims, só que transparentes.
     – Vai lhe ajudar a ter sonhos que mexam com sua capacidade mental, não espero que tenhamos a sorte de você se lembrar de tudo na primeira tentativa, mas quem sabe com o tempo ajude, não precisa usar hoje, mas coloque em seu pescoço quando for dormir quando quiser. Caso lhe dê enxaqueca ou algo ruim não precisa mais usar, estoure ele na sua mão e eu aparecerei no mesmo instante para lhe oferecer outros métodos.
     Agradeci, me despedi e fui embora. Hiro me olhou de testa franzida:
     – Não entendi. – ele apontava para o pingente e olhava para a sorveteria
     – Nem é pra entender – disse rindo – mas bem, porque veio? – tentei saber até onde ele sabia de mim e tudo.
     – Descobri que tenho poderes bacanas – e dizendo isso Hiro fez abrir uma profunda rachadura no chão e moveu uma pedra até sua mão – aí uma garota que se transforma em dragão me disse que era seu guerreiro e que era meu dever protege-la, ela me ajudou nos meus treinamentos e bem, eu vim pra cá.
     – Como assim? Você simplesmente ouviu essa garota e veio pra cá? – era bem difícil Hiro confiar em alguém, ainda assim, tão facilmente, quase impossível.
     – Ela disse que você estava em perigo, não precisou de muito mais para me convencer a vir.
     Sorri, Hiro podia ter muitos defeitos, mas era o melhor amigo que se podia pedir, o tipo que é difícil conquistar a amizade e confiança, mas quando se confia é eterno, ele faz de tudo por um amigo. 
    Passamos o resto da tarde juntos, quando começou a anoitecer ele me levou em casa e se foi, estava morando em uma casa distante da cidade, onde também vivia a tal amiga dele. Deixei-o ir e fui jantar com a minha irmã.
    Assistimos juntas alguns episódios de anime e ela foi se deitar, andava tão exausta por tudo que fazia, eu realmente admirava muito minha irmã. Também fui me deitar, e quando coloquei a mão no meu bolso vi o pequeno pingente, não sabia se queria uma noite lotada de sonhos, mas eu precisava saber sobre o meu passado, mesmo que não hoje, algum dia. Coloquei ele envolta do meu pescoço torci para que nada de muito ruim viesse a minha mente e dormi...

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