18 de out. de 2012

História sem nome-san Capítulo 12


 Capitulo 12

O mais longo dia 

    Eu não compreendia mais nada, só queria entender, tudo estava tão confuso, minha cabeça dava voltas. Não sabia se haviam se passados horas ou segundos, alguém bateu a minha porta, sem olhar e sem me importar mandei que entrasse.
      Era minha irmã de novo, junto dela estava o Hayato, a Yumi e a Carolina, na mão da minha irmã estava uma pequena barra de chocolate, ela sabia que chocolate me fazia bem quando eu estava triste.
      – Vamos ter ensaio da banda, e queremos que venha assistir – disse Jéssica bagunçando meu cabelo, e dando um sorriso irônico, continuou – e só porque hoje você está “cansada” – ela fez aspas no ar – vou deixar você escolher nossa primeira música do ensaio.
     Não que eu estivesse recuperada, mas todos eles na minha frente, tentando me fazer sentir melhor me fizeram sorrir e levantar enérgica da cama:
     – Please take me Home! – disse contente o nome da musica que queriam que eles tocassem.
    ­ ­­­ – Não, sério mesmo, acho que o Blink 182 fez uma lavagem cerebral na cabeça dessa menina, ela só consegue pensar neles! – afirmou brincalhona Yumi, que me deu um peteleco na cabeça.
      Ouvir minha irmã cantando me dava força, e a guitarra, o baixo e a bateria me davam vida, pela primeira vez naquele dia, eu não me senti... sozinha! Depois de terminados os ensaios, fomos todos tomar um milk shake em uma sorveteria próxima de casa. Ao chegar lá, nos sentamos na primeira mesa, e eu fiquei virada para rua, gostava de ver o movimento na rua, pessoas iam, pessoas vinham.
      Enquanto Hayato fazia os pedidos e Jéssica, Yumi e Carolina conversavam sobre a escola e a vida delas – por mais que elas tentassem ser legais e perguntar sobre minha vida, escola e etc. tentando me manter na conversa, não tinha jeito, então era melhor eu olhar a rua - . Estava querendo escurecer, o horizonte estava vermelho vivo, o que me dava calafrios, havia poucas pessoas na rua, e de vez em quando carros passavam de lá para cá, com seus motoristas preguiçosos, voltando para casa depois de um longo dia de trabalho. Era tão estranho imaginar que a vida pudesse ser tão comum para todos, e para mim tão complicada, afinal, quem eu era? Ou melhor, o que eu era?
     Um garoto em particular me chamou atenção, ele era alto e trazia debaixo dos braços muitos livros, usava óculos e parecia bem preocupado, olhava para os lado como se procurasse alguém. Uma hora ele olhou para mim, e quase deixou os livros caírem, pareceu perplexo em me ver, mexeu a cabeça em um movimento impaciente, como se despertasse e voltou a andar apressado.
     – Flavinha! – disse Hayato estralando os dedos ao meu ouvido.
     Olhei distraída para ele, e ele sorriu de um modo malicioso, se sentando entre mim e a minha irmã.
      – Se interessou pelo garoto Flavinha? – perguntou ele rindo.
      – C-claro que não! – disse irritada, e não era mentira, aquele garoto apenas tinha me perturbado um pouco, apesar de eu conseguir sentir, que ele escondia mais do que aparentava.
      – Ai, ai, para de perturbar a menina. E vamos tomar nosso milk shake! Flávia-chan, depois poderia ter uma palavrinha com você? – disse Carolina, e apesar do sorriso que carregava, senti que estava tensa.
      – Pode sim, claro que pode.
      Yumi e Carolina se entre olharam, e eu senti que algo estava acontecendo, algo sério.
      Depois do milk shake, Hayato foi para casa dele, e Jéssica foi na frente para a nossa casa, apesar dela insistir que gostaria de me acompanhar, Carolina e Yumi fizeram questão de que ficássemos a sós.
     – Querida, nós conhecemos a Any-chan, e sabemos que se encontrou com ela – começou Carolina colocando a mão nos meu ombros. Aquilo realmente me surpreendeu, mas antes que eu pudesse dizer algo, ela continuou: - eu sei que deve ser difícil aceitar tudo que você é. Escute, eu realmente não queria te dizer isso, mas você agora, mais do que nunca, tem que ser forte, você é a chave de tudo e não pode ficar por ai triste, entende? Any-chan não te contou tudo de uma vez por medo de você não aceitar, ela queria ir te contendo aos poucos... mas... – Carolina perdeu a voz.
     – As coisas deixaram de ser um joguinho de criança! – Yumi continuou por Carolina, sua voz, ainda que gentil, soava firme. – O mundo está para entrar em guerra, e nem sequer sabemos quem está por trás disso, portanto não confie em ninguém! Nesse momento todas as criaturas mágicas estão atrás de você, sejam para te proteger ou para te matar!
     – M-m-mas por quê? – foi tudo o que consegui gaguejar.
     – Mas do que sangue de ciclope, mais do que coração de unicórnio, você sabe o que possui aqui? – disse Yumi colocando dois dedos na minha testa.
     Eu sabia! Ou pelo menos achava que sim. Desde nova eu tinha fortes dores de cabeça, e quando fui ao médico e eles tiraram uma chapa, descobriram que eu tinha algo indefinido lá, só sabiam que aquele negócio parecia prestes a explodir, portanto não me deram mais de dez anos de vida, isso fazia apenas quatro anos, mas eu preferia não pensar nisso, preferia não lembrar que eu tinha uma data de validade.
    – Isso não é um cisto – disse Carolina mexendo no meu cabelo – isso é o coração do mundo!
    Ao ver minha completa cara de “han?” Carolina riu, mas Yumi parecia mais séria que nunca, e lançando um olhar de repreensão em Carolina, continuou:
     – No centro do mundo, onde só há lava e fogo, existe um coração, algo bem pequeno, que nutre todo o mundo, foi dele que tudo surgiu, deste pequeno “cisto” que você tem na cabeça. Mas assim como ele supre o mundo humano, supre o mundo místico de toda sua magia.
     Elas resolveram parar por ai, disseram-me algumas palavras de apoio e força as quais eu não me lembro, só lembro-me de tê-las ouvido dizer que estariam ao meu lado no que eu precisasse, e sempre, é, elas eram realmente boas amigas, mas no momento, nem elas podiam me fazer sentir melhor!

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