Capitulo 6
Sangue de unicórnio
Não havia
contado para nenhuma das minhas amigas sobre o incidente do garoto, como se já
não bastasse eu estar apavorada, não queria preocupa-las sobre isso, afinal era
só eu não ficar sozinha e tudo ficaria bem... Certo?
Minha
terceira aula era vaga, sentei-me a um canto da sala e juntei minha carteira
com a da Okami, para que pudéssemos conversar, ela estava aflita, e na aula
vaga, me disse o porquê.
– Sabe isso?
– disse ela me apontando um frasco que trazia na mão, era pequeno e continha um
líquido espesso e vermelho bem clarinho, quase branco. – Sangue de unicórnio –
ela continuou – usado em poções para a vida eterna. Meu pai continua preocupado
e com uma sensação ruim, ainda tem o que a Daniela viu, eu estou muito
preocupada!
– Mas o
unicórnio não pode simplesmente ter se ferido e derramado o sangue dele por ai?
– disse para não admitir que algo muito
estranho estava acontecendo!
– Bem,
digamos que unicórnios simplesmente não se machucam e sangram por ai, eles tem
poder de sura imediato, só morrem quando retirada sua cabeça, além do mais, seu
sangue fica quase branco ao chegar perto de seu chifre, ou seja, esse sangue
veio da cabeça dele, onde fica o chifre. Se o sangue geralmente é usado para a
poção da imortalidade, o chifre é usado em um veneno muito poderoso, seu
cheiro, seu gosto, seu toque, qualquer um eu tiver qualquer contato com aquele
veneno morre imediatamente!
Engoli em
seco, não sabia mais o que dizer, minha cabeça girava em pensamentos confusos,
eu estava com medo. Muito medo!
– Tem algo
que possamos fazer? – foi a única coisa que consegui dizer, queria de algum
modo parar aquilo.
– Bem se
estiver disposta a entrar comigo na floresta próxima ao rio que corta a cidade,
podemos tentar espantar os unicórnios que vivem ali, quando acuados eles ficam
alertas por um bom tempo, e é bem difícil matar um unicórnio alerta. Mas acho
que é a única coisa que podemos fazer. Podemos ir na semana que vem já.
– Eu topo!
Como a Nina
havia faltado, pedi que a Mel me acompanhasse para casa, já que ficar sozinha
era ultima coisa que queria, ela também se ofereceu para levar o cachorro
sem-nome para o veterinário e de lá, encaminhá-lo para um espaço de adoção.
Aceitei sem pensar duas vezes, nada contra o pobre animal, mas ele me lembrava
o garoto de ontem, tudo o que eu menos queria.
– Você está
realmente bem? – perguntou Mel pela milésima vez.
– Estou. –
eu só respondia isso, não que eu realmente estivesse bem, mas que queria
parecer bem, por isso me forcei um sorriso.
Mel sabia
muito bem quando eu estava mentindo, e fingiu se satisfazer com a resposta, mas
antes de levar o cachorro, acrescentou:
– Se
precisar de qualquer coisa, liga que eu venho voando! – e sorrindo brincalhona acrescentou
– literalmente.
Minha irmã
iria dormir na casa da Yumi aquela noite, e me lembrava sempre de que eu não
devia sair de casa sozinha! Em hipótese alguma!
– Eu não
queria ter de dormir fora, mas precisamos nos reunir para compor a melodia da
nova musica que fizemos, então eu vou lá, tchau! Se cuida! –
– Tudo bem,
vai lá, tchau! – me despedia da minha irmã como se estivesse tudo bem, mas não!
Nada estava bem! Eu estava apavorada!
Fiquei
assistindo anime para distrair a cabeça. Quando deu pouco mais de sete horas da
noite ouvi batidas na porta.
– Quem é? –
perguntei com meu coração na mão.
– Sou eu,
sei que deve estar morrendo de medo de mim, mas eu não mordo. Só queria saber
como o cachorro está, não abra a porta. – a ultima frase havia soado mais como
uma ordem do que como um pedido, o que fez meus joelhos tremerem.
Reconheci a
voz na hora! Era o garoto de ontem, “Por que justo hoje, justo hoje!?”. Com as
pernas tremendo me encostei-me à porta, não ia abri-la de jeito nenhum!
– Ele está
bem – disse com dificuldade – minha amiga o levou para o veterinário e depois
para um centro de adoção.
– Que bom –
comentou ele simplesmente. – obrigada, tchau!
Antes que
ele pudesse ir embora senti algo bater na porta, pensei que estivesse fazendo
força para entrar portanto gritei. Mas ouvi tossidos e o barulho vinha de
baixo. Não podia deixa-lo doente do lado de fora da porta, além do mais estava
muito frio, e ele não parecia ameaçador.
Abri a porta
só um pouquinho para ver se ele realmente estava caído, e estava. Ao ouvir a
porta abrindo me olhou quase que com censura, parecia bravo.
– Idiota! Eu
disse para não abrir a porta! – ele gritava comigo, parecia que queria falar
algo mais, mas teve um acesso de tosse, e podia verem sua mão o sangue, ele
estava muito mal.
– Esperava
que te deixasse morrendo na minha porta?
– Que seja!
Mas agora eu não tenho mais escolha.
Se pôs de pé
com dificuldade, com a manga do moletom limpou a boca e a mão, tirou um frasco
do bolso e tomou umas pílulas verdes.
– Você vem
comigo! – foi o que afirmou, antes de me agarrar pelo braço.
Eu tremia dos
pés a cabeça, sem pensar, mordi com força a mão dele e lhe chutei, o que me fez
ele afrouxar a mão do meu braço, soltei-me com um pouco de dificuldade e tentei
entrar para dentro de casa, mas ele se pôs na minha frente.
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