18 de out. de 2012

História sem nome-san Capítulo 6


Capitulo 6

Sangue de unicórnio

       Não havia contado para nenhuma das minhas amigas sobre o incidente do garoto, como se já não bastasse eu estar apavorada, não queria preocupa-las sobre isso, afinal era só eu não ficar sozinha e tudo ficaria bem... Certo?
      Minha terceira aula era vaga, sentei-me a um canto da sala e juntei minha carteira com a da Okami, para que pudéssemos conversar, ela estava aflita, e na aula vaga, me disse o porquê.
      – Sabe isso? – disse ela me apontando um frasco que trazia na mão, era pequeno e continha um líquido espesso e vermelho bem clarinho, quase branco. – Sangue de unicórnio – ela continuou – usado em poções para a vida eterna. Meu pai continua preocupado e com uma sensação ruim, ainda tem o que a Daniela viu, eu estou muito preocupada!
      – Mas o unicórnio não pode simplesmente ter se ferido e derramado o sangue dele por ai? – disse para não admitir que algo muito estranho estava acontecendo!
      ­– Bem, digamos que unicórnios simplesmente não se machucam e sangram por ai, eles tem poder de sura imediato, só morrem quando retirada sua cabeça, além do mais, seu sangue fica quase branco ao chegar perto de seu chifre, ou seja, esse sangue veio da cabeça dele, onde fica o chifre. Se o sangue geralmente é usado para a poção da imortalidade, o chifre é usado em um veneno muito poderoso, seu cheiro, seu gosto, seu toque, qualquer um eu tiver qualquer contato com aquele veneno morre imediatamente!
      Engoli em seco, não sabia mais o que dizer, minha cabeça girava em pensamentos confusos, eu estava com medo. Muito medo!
       – Tem algo que possamos fazer? – foi a única coisa que consegui dizer, queria de algum modo parar aquilo.
     – Bem se estiver disposta a entrar comigo na floresta próxima ao rio que corta a cidade, podemos tentar espantar os unicórnios que vivem ali, quando acuados eles ficam alertas por um bom tempo, e é bem difícil matar um unicórnio alerta. Mas acho que é a única coisa que podemos fazer. Podemos ir na semana que vem já.
      – Eu topo!
      Como a Nina havia faltado, pedi que a Mel me acompanhasse para casa, já que ficar sozinha era ultima coisa que queria, ela também se ofereceu para levar o cachorro sem-nome para o veterinário e de lá, encaminhá-lo para um espaço de adoção. Aceitei sem pensar duas vezes, nada contra o pobre animal, mas ele me lembrava o garoto de ontem, tudo o que eu menos queria.
       – Você está realmente bem? – perguntou Mel pela milésima vez.
       – Estou. – eu só respondia isso, não que eu realmente estivesse bem, mas que queria parecer bem, por isso me forcei um sorriso.
       Mel sabia muito bem quando eu estava mentindo, e fingiu se satisfazer com a resposta, mas antes de levar o cachorro, acrescentou:
       – Se precisar de qualquer coisa, liga que eu venho voando! – e sorrindo brincalhona acrescentou – literalmente.
      Minha irmã iria dormir na casa da Yumi aquela noite, e me lembrava sempre de que eu não devia sair de casa sozinha! Em hipótese alguma!
       – Eu não queria ter de dormir fora, mas precisamos nos reunir para compor a melodia da nova musica que fizemos, então eu vou lá, tchau! Se cuida! –
       – Tudo bem, vai lá, tchau! – me despedia da minha irmã como se estivesse tudo bem, mas não! Nada estava bem! Eu estava apavorada!
       Fiquei assistindo anime para distrair a cabeça. Quando deu pouco mais de sete horas da noite ouvi batidas na porta.
       – Quem é? – perguntei com meu coração na mão.
       – Sou eu, sei que deve estar morrendo de medo de mim, mas eu não mordo. Só queria saber como o cachorro está, não abra a porta. – a ultima frase havia soado mais como uma ordem do que como um pedido, o que fez meus joelhos tremerem.
       Reconheci a voz na hora! Era o garoto de ontem, “Por que justo hoje, justo hoje!?”. Com as pernas tremendo me encostei-me à porta, não ia abri-la de jeito nenhum!
       – Ele está bem – disse com dificuldade – minha amiga o levou para o veterinário e depois para um centro de adoção.
       – Que bom – comentou ele simplesmente. – obrigada, tchau!
       Antes que ele pudesse ir embora senti algo bater na porta, pensei que estivesse fazendo força para entrar portanto gritei. Mas ouvi tossidos e o barulho vinha de baixo. Não podia deixa-lo doente do lado de fora da porta, além do mais estava muito frio, e ele não parecia ameaçador.
     Abri a porta só um pouquinho para ver se ele realmente estava caído, e estava. Ao ouvir a porta abrindo me olhou quase que com censura, parecia bravo.
      – Idiota! Eu disse para não abrir a porta! – ele gritava comigo, parecia que queria falar algo mais, mas teve um acesso de tosse, e podia verem sua mão o sangue, ele estava muito mal.
      – Esperava que te deixasse morrendo na minha porta?
      – Que seja! Mas agora eu não tenho mais escolha.
      Se pôs de pé com dificuldade, com a manga do moletom limpou a boca e a mão, tirou um frasco do bolso e tomou umas pílulas verdes.
      – Você vem comigo! – foi o que afirmou, antes de me agarrar pelo braço.
      Eu tremia dos pés a cabeça, sem pensar, mordi com força a mão dele e lhe chutei, o que me fez ele afrouxar a mão do meu braço, soltei-me com um pouco de dificuldade e tentei entrar para dentro de casa, mas ele se pôs na minha frente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário